Ela se lembrava de como era inocente
quando era mais jovem. Na sua infância lia contos de fadas e acreditava que
teria uma história de amor como os das princesas, encontraria alguém de forma
inesperada, esse seria o amor de sua vida e viveriam felizes para sempre.
Quando se apaixonou pela primeira vez, imaginou que o destino havia colocado a
pessoa certa no seu caminho e naquele momento não teria mais com o que se
preocupar.
Foi feliz naquele relacionamento, mas
algo no meio do caminho acabou dando errado e ela acabou se decepcionando.
Percebeu que ele não era a pessoa que ela havia idealizado, ele não era um
príncipe, ele possuía falhas e ela não conseguia aceitá-las, percebeu que não
dariam certo juntos e o melhor eram se separar.
Aquela foi a primeira vez que o coração
dela foi partido, mas ela aprendeu uma lição: que não se pode idealizar a
pessoa com a qual irá dividir e compartilhar sua vida, que as pessoas não são
perfeitas, que elas erram e nem todos estão dispostos a amar.
A menina amadureceu e percebeu que não
se pode confiar em qualquer um, principalmente se isso envolve entregar seu
coração a alguém. Ela sofreu no início, mas resolveu se arriscar novamente. E
novamente deu errado. Novamente ela se decepcionou. Talvez dessa vez tenha sido
um pouco pior, porque ela estava nesse relacionamento consciente do que estava
fazendo e mesmo assim as coisas não saíram como ela havia planejado. Será que o
erro dela foi esse? Planejar demais?
E a cada nova decepção, mais seu coração
se fechava, mais ela se tornava fria e menos ela conseguia confiar nas pessoas.
Enquanto ela ia crescendo, percebia que as decepções não eram apenas em
relacionamentos amorosos, mas também com familiares, amigos e colegas. Ela ia
constatando que relacionar-se com outras pessoas não era tarefa fácil.
Quando era adolescente, gostava muito de
ter diversas pessoas ao seu redor, ir a festas, se divertir e ter sempre alguém
novo com quem conversar. Ela gostava de estar rodeada de pessoas. Hoje, sendo uma
jovem adulta, essa perspectiva havia mudado bastante, ela preferia sua própria
companhia, e se estivesse que estar com outras pessoas, eram poucas as que
realmente valiam a pena. Havia entendido que qualidade era melhor do que
quantidade.
Ela tem poucos amigos, poucas pessoas
que realmente confia para estarem ao seu lado, mas não as troca por nada.
Afastou-se de muitas pessoas ao longo da vida, mas sabia que cada uma delas fez
parte de algo importante e levou um pedacinho de si. Talvez esse fosse o propósito,
em cada momento surgem novas pessoas, mas são raras aquelas que vão permanecer
para sempre.
Ainda não havia encontrado alguém com
quem compartilhar sua vida, mas era feliz assim. Não acreditava mais em contos
de fadas, sabia que era a única responsável pelo seu “feliz para sempre” e
quando encontrasse alguém, tinha certeza que seria a pessoa certa e poderia
dividir suas tristezas e felicidades.
Para onde vai o amor? O amor estava
dentro dela. As experiências negativas tentaram fazer com que ela se fechasse e
se tornasse amarga com a vida, talvez isso aconteça com a maioria das pessoas,
mas não com ela. A moça aprendeu que não poderia se fechar para o amor por
causa das decepções. Decepções sempre vão existir, mas o amor deve ser maior. E
havia tanto amor dentro dela, que o sentimento quase não cabia em si.
Esse texto faz parte do Projeto de Escrita Mais que Palavras
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